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13 Reasons Why 1×04 – Fita 2, Lado B

13 Reasons Why 1×04 – Fita 2, Lado B

Gustavo Pereira - 3 de abril de 2017

“Fita 2, Lado B” é precedido por “Fita 2, Lado A”. Para ler a crítica do terceiro episódio, clique aqui.

Fazendo pesquisa para este episódio, descobri que 90% das pessoas perseguidas conhecem os perseguidores. Se este percentual é tão alto, por que o número de prisões por perseguição é tão baixo? Ainda segundo a pesquisa do link, stalkers conhecem aproximadamente 21 pessoas ligadas àqueles que elas perseguem: familiares, amigos, colegas de trabalho etc. Basta ligar os pontos para descobrir qual é a sua munição.

O quarto episódio de 13 Reasons Why trata precisamente do stalking, o ato de perseguir pessoas no mundo real. O comparativo entre isso e o stalking virtual não é exatamente uma novidade, mas o destaque de “Fita 2, Lado B” está na forma como constrói a tensão na vida de Hannah ao perder todos os lugares seguros na vida, incluindo o próprio quarto. Tyler (Devin Druid) é mais um que confunde amor com assédio.

Neste ponto, já é crucial o questionamento a respeito dos porquês. Não os de Hannah, que dão nome à série, mas os dos que a cercaram. Por que eles agiram desta forma? Por que isso nos parece tão rotineiro? As palavras de Marcus (Steven Silver), “ela sofreu o que qualquer garota do colegial sofre e fez isso buscando atenção”, são as mais honestas até aqui: as pessoas não estão de fato consternadas pelo malfeito. O que elas realmente querem é arrumar uma forma de fugir das consequências.

Isso passa pela própria escola, em seus esforços para prevenir novos suicídios – e processos -, e chega até a mãe de Clay, obstinada a se provar uma boa mãe. Tenho curiosidade em ver um encontro entre ela e a mãe de Hannah, pois as histórias das duas são muito similares.

Se Tyler fez o que fez e tantos fazem o mesmo, é por ser mais fácil criticar a privacidade alheia do que a invasão da privacidade alheia. Somos incapazes de condenar o ato porque o fazemos, ainda que em menor escala. Neste aspecto, a citação a Para Além do Bem e do Mal, ensaio de Nietzsche sobre temas como preconceito e liberdade, faz todo o sentido: “qualquer um que enfrente monstros deve olhar além disso, para que ele mesmo não se torne um monstro”.

Tenho sérios problemas com o final deste episódio, mesmo aplicando este pensamento à pratica. O tom apresentado é de vitória, “justiça”, mas é exatamente o problema inicial apresentado. Ao equiparar justiça e vingança, o roteiro anula parte da própria mensagem inicial. Fazer mal aos outros não é a maneira certa de ficar bem consigo mesmo. Existe um limite, e Clay o ultrapassou.

Para ler a crítica do quinto episódio, “Fita 3, Lado A”, clique aqui. Para assistir a todos os episódios, clique aqui.

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