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Sete Homens e Um Destino

Sete Homens e Um Destino

Matheus Fiore - 17 de setembro de 2016

O primeiro Sete Homens e Um Destino , de 1960 dirigido por John Sturges, foi um bem sucedido remake do clássico Os Sete Samurais, filme de 1954 de Akira Kurowasa. Pegando a trama base e a estrutura, deu uma roupagem western à história samurai e se tornou uma das maiores referências do esquecido gênero, rendendo inclusive três continuações. A ideia de refazer uma obra tão consagrada é, portanto, imediatamente contestada e mal recebida, passando a impressão de ser apenas mais um remake “caça-níquel”, como os de Psicose e O Vingador Do Futuro.

Engana-se, porém, quem pensa que o resultado é um mau filme. Superando as expectativas, o novo Sete Homens e Um Destino consegue fazer uma justa e bela homenagem, trazendo até algumas novidades e fazendo boas referências ao gênero não tendo vergonha de ser clichê.  Com alguns compreensíveis ajustes, a trama é bem parecida com a do filme de 1960: sete homens são convocados para expulsar um poderoso malfeitor de uma pacifica e pacata cidade.

Mesmo recorrendo à inúmeros clichês tanto do faroeste quanto dos filmes de ação em geral, a apresentação e desenvolvimento dos personagens são bem coerentes. O time liderado por Sam Chisolm (Denzel Washington) apresenta uma boa química, e tem os laços de seus membros bem explicados ao longo da projeção.

Diferente do clássico, porém, nem todos os sete personagens conseguem se destacar. Alguns membros da equipe ficam totalmente deslocados na trama e passam despercebidos. Outros, como o fascinante Jack Horne, de Vincent D’Onofrio, se destacam positivamente. Não só pelo roteiro e pela direção, que criam um personagem solitário e intimidador, mas pela boa atuação de D’Onofrio, que imprime um tom cômico muito bem-vindo.

O protagonista de Washington e o pistoleiro Farraday (Chris Pratt) são os dois mais interessantes personagens da equipe. Sam Chisolm é responsável por conduzir a equipe e é, de certo modo, a bússola moral da trama e é responsável por fortalecer o pano de fundo do conflito com o vilão. Pratt, por sua vez, está canastrão como nunca no papel de Farraday, e é responsável por boa parte do humor do filme.

Além do time de “heróis”, outros dois personagens que merecem destaque são o vilão Bartholomew Bogue e a viúva Emma Cullen. Peter Sarsgaard não reinventa a atuação com sua interpretação, mas aliado à direção, que usa diferentes lentes para torna-lo mais imponente, traz de volta a clássica figura do bandido ganancioso, poderoso e cruel. Já a responsável por reunir a equipe, vivida por Haley Bennett, consegue balancear candura e força na medida certa, tendo a mais interessante curva dramática da película.

Mesmo tendo um roteiro simples, a direção faz um excelente trabalho por conseguir dar dinamismo às cenas de ação sem abusar de uma estética moderna demais. Com um interessante trabalho de fotografia, o filme faz bom uso de enquadramentos e planos que enaltecem a bela paisagem e fazem referência direta não só ao longa de 1960 mas a outros clássicos faroestes, como Por Um Punhado de Dólares e Era Uma Vez No Oeste.

Há, porém, defeitos. O simples e batido roteiro pode ser perdoado e visto como uma homenagem ao gênero, mas a edição e a montagem prejudicam o ritmo e o funcionamento de cenas, principalmente no primeiro e no terceiro ato. No primeiro, o excesso de cortes torna o longa apressado. E no último prolonga-se demais o confronto final, com uma sequência cansativa, gigantesca e pouco inovadora.

Em certo momento, Sete Homens e Um Destino torna-se saudosista demais e, portanto, previsível. Quando personagem X decide fazer Y, você já sabe que, alguns minutos adiante, acontecerá Z. Outro defeito do longa é o mau uso do clássico tema de 1960. A trilha, porém, não é mal executada, mas é aquém do esperado para um filme tão grandioso.

Contrariando o que era esperado depois do lançamento do modernoso trailer, o filme é divertido e coerente, tendo no saudosismo seu ponto forte. A câmera posicionada no chão sendo coberta pelo andar do herói, os planos americanos, a tensão que antecede os duelos e as batalhas recheadas de explosões e sangue são elementos clássicos do faroeste que há muito não viam a luz do dia. Seja para matar a saudade dos fãs mais adultos ou para apresentar o estilo para os mais jovens, Sete Homens e Um Destino é, muito graças ao diretor Antoine Fuqua, um belo acerto da Sony e um dos melhores blockbusters de 2016.

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