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Deuses Americanos 1×03 – Head Full of Snow

Deuses Americanos 1×03 – Head Full of Snow

Gustavo Pereira - 15 de maio de 2017

“Head Full of Snow” é precedido por “The Secret of Spoon”. Para ler a crítica do segundo episódio de Deuses Americanos, clique aqui.

O ponto forte de Deuses Americanos, sem dúvidas, está na apresentação de personagens e conceitos. Talvez por isso “Head Full of Snow” represente uma pequena queda no (alto) nível apresentado nos dois primeiros episódios: menos novidades.

O grande momento do episódio é logo no começo, com a já característica suíte “Somewhere in America” (possivelmente relacionada à música de Jay Z), quando somos apresentados a um dos Velhos Deuses. Se a apresentação de Mr. Nancy foi uma releitura voltada quase que para o humor stand up, Mr. Jacquel, o Anúbis vivido pelo ator Chris Obi é uma belíssima interpretação do pós-vida. A impostação vocal de Obi confere ao senhor da morte egípcio um ar solene, que ao mesmo tempo transmite confiança e medo para quem está sob seu julgamento, dependendo do veredito.

Em um “mergulho” da câmera, vemos vidas coexistindo em diferentes níveis no mesmo espaço, até chegarmos à protagonista deste “Somewhere in America”

Como o episódio anterior termina numa tensão (que, verdade seja dita, todos sabiam de antemão que seria resolvida), “Head Full of Snow” demora um pouco para abandonar Czernobog e as Irmãs Zoraya. E é pela boca de Polunochnaya, a Estrela da Meia-Noite, que o público toma conhecimento de uma ideia já esboçada anteriormente: sorte e azar, alegria e tristeza, o imponderável em geral só atinge aqueles que acreditam nele.

Shadow é recorrentemente associado ao azul neste episódio: cor da nobreza (os Velhos Deuses com quem ele interage), da frieza cética com a qual ele reage ao fantástico, da sonolência (algumas informações chegam a ele por sonho) e do raciocínio, para compreender o que está acontecendo ao seu redor

O grande evento de “Head Full of Snow” não gera suspense ou tensão, estando mais para a comédia. Dessa forma, o diretor David Slade dá ênfase aos diálogos. Talvez por preocupação de que o espectador não assimile completamente um conceito fundamental para a série, a ideia da fé ser a “cola” que mantém o mundo coeso é repetida diversas vezes. Sua definição é dada pela relação direta entre quantas pessoas acreditam e o quanto a crença causa espanto. Como Shadow é um descrente “diagnosticado”, Wednesday o usa praticamente como um estudo de caso para medir a magnitude dos próprios poderes.

Uma análise mais detalhada do uso de azuis em “Head Full of Snow”

No segundo “Somewhere in America” do episódio, somos apresentados a um Ifrit, que a série chama de Jinn: uma visão extremamente poética do que representa o sexo

A grande frase do episódio vem de Wednesday: “os americanos não sabem quem são”. E é por isso que, ao mesmo tempo em que podem ser tudo, o cerne do famoso “american dream”, não são nada. Esta definição dura de que um país pode ser oco é o que torna a fé tão volátil e cria a iminência de um confronto entre aqueles que a disputam.

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