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5 filmes para conhecer o cinema de Ingmar Bergman

5 filmes para conhecer o cinema de Ingmar Bergman

Matheus Fiore - 14 de julho de 2018

Ingmar Bergman, um dos maiores e mais importantes mestres da história do cinema, completaria 100 anos n dia 14 de julho. Falecido em 2007 aos 89 anos, Brgman é autor de 54 filmes e mais de 100 peças de teatro. Foi referência para o cinema de artistas de diversas gerações. Vencedor de três Oscars de Melhor Filme Estrangeiro por A Fonte da Donzela (1961), Através de um Espelho (1962) e Fanny & Alexander (1984), Bergman também conquistou o prêmio de direção em Cannes por No Limiar da Vida (1965), o Urso de Ouro de Berlim por Morangos Silvestres (1958) e o prêmio de honra de Veneza em 1971.

Números e referências, porém, não podem traduzir a genialidade de Bergman, que, ao longo de sua carreira, trabalhou temas que marcaram sua vida, como o medo da morte, o silêncio de Deus diante do sofrimento humano, o fracasso do modelo de sociedade ocidental e os conflitos entre artista e mundo.

Para aqueles que ainda não conhecem o cinema do sueco, preparamos uma lista especial com apenas cinco filmes. Longe de representarem a totalidade do cinema de Bergman – afinal, são cinquenta e quatro obras! –, a lista visa apenas a ser uma ponte para o cinema de um dos maiores mestres da sétima arte. Para não ser tão protocolar, fizemos questão de evitar as referências mais óbvias, como O Sétimo SeloMorangos Silvestres – mas esses, claro, também são obras-primas que merecem sua atenção.

Monika e o Desejo (1953)

Pioneiro na forma como desenha um estudo da psique feminina, Monika e o Desejo não está entre os mais populares trabalhos de Bergman, mas, sem dúvida, está entre os mais importantes. O filme, que é uma das grandes inspirações dos cineastas da Nouvelle Vague, acompanha o jovem romance entre Monika e Harry, dois jovens inconsequentes e despreparados para a vida adulta, que precisam amadurecer quando descobrem que serão pais.

Monika e o Desejo é um filme capaz de desafiar seu público ao questionar nossos valores e moralidade, emocionando pela melancolia inerente à condição humana e pela inevitabilidade do fracasso daqueles que tentam romper com um modelo de sociedade.

Há uma crítica para Monika e o Desejo em nosso site. Você pode ler clicando aqui.

Luz de Inverno (1963)

Pertencente à famosa Trilogia do Silêncio, Luz de Inverno acompanha Tomas, um pastor que, certo dia, entra em uma crise existencial ao cogitar a possibilidade de Deus não existir. Além dos monólogos marcantes e atuações arrebatadoras de Gunnar  Björnstrand e Ingrid Thulin, o filme tem como trunfo a brilhante fotografia de Sven Nykvist, que utiliza a luz de forma a guiar os olhares e pensamentos dos personagens. A luz, afinal, é um símbolo filosófico para a verdade, algo que o pastor persegue a partir do momento em que perde o principal alicerce de sua existência.

Persona (1966)

O mais popular filme da lista é, também, o melhor. Persona (ou como foi pessimamente adaptado no Brasil, Quando Duas Mulheres Pecam), acompanha Elisabet Vogler (Liv Ullmann), uma atriz que, após entrar em choque momentos antes de apresentar-se numa peça de teatro, para de se comunicar com o mundo.

O filme acompanha os esforços de Alma (Bibi Andersson) para compreender o que acontece com Elisabet. O interessante em Persona é perceber como o longa e suas personagens se relacionam e se moldam de forma similar, sempre revelando novas máscaras para o filme. Elisabet e Alma acabam se tornando íntimas, ao passo que o espectador é imergido em uma obra que a todo momento questiona não só a realidade de suas personagens, como também analisa o cinema como máscara para a verdade.

Como bem disse o crítico Bruno de Andrade em seu texto sobre a obra, Persona demonstra a coragem de Bergman para filmar a verdade.

A Hora do Lobo (1968)

O único terror filmado por Ingmar Bergman acompanha um artista que se isola com sua esposa em uma ilha deserta. À medida que tenta superar um bloqueio criativo, o artista passa a materializar seus demônios no lugar. O inconsciente e o consciente do artista se confundem, em um filme em que Bergman flerta com um surrealismo digno de Buñuel para transformar em imagem os pesadelos mais profundos de uma mente perturbada.

A Hora do Lobo foi analisado em nosso especial de Halloween de 2017. Para ler a crítica, clique aqui.

Sonata de Outono (1978)

A única parceria entre o diretor e a lendária atriz Ingrid Bergman. No filme, mãe (Ingrid) e filha (Liv Ullman) se reúnem após um longo período sem contato, e o encontro acaba sendo um acerto de contas pelas mágoas do passado. Um dos elementos mais incríveis de Sonata de Outono é como os figurinos acompanham a estação e como as estações acompanham o relacionamento das personagens, o que rende planos memoráveis, como uma árvore seca, sem sequer uma folha, enquadrada justamente quando as mulheres já não escondem nenhum segredo uma da outra.

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