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As piores séries de 2018

As piores séries de 2018

Séries escolhidas pelos críticos do Plano Aberto

Redação - 24 de dezembro de 2018

A lista das piores séries é a que causa mais indignação. Não apenas nos leitores, mas também em nós, que tivemos de assistir a essas bombas. Um filme ruim atrasa a sua vida por duas horas, três no máximo. Mas uma série pode se arrastar por meses. Se sair num streaming, vai roubar seu fim de semana. É muito tempo investido para se decepcionar no final.

Cada crítico teve um voto nessa lista. Se a sua série ficou de fora, conte pra gente nos comentários!

O Mecanismo (1ª temporada), indicação de Gustavo Pereira

Questões políticas à parte, a série de José Padilha tem a profundidade de um artigo da revista Veja, repetindo uma infinidade de lugares-comuns: “todo político é safado”, “roubar cinco é o mesmo que roubar cinco milhões”, “só um herói pra resolver isso” etc. Padilha leva oito episódios pra pregar a mesma “filosofia de boteco” que ouvimos – e, dependendo do nível de alcoolemia, falamos – enquanto rachamos aquela porção de fritas com calabresa.

Mesmo com um bom elenco (a atuação de Enrique Díaz é simplesmente encantadora), a série se equivoca ao tomar decisões narrativas básicas, como escolher sob qual perspectiva uma operação policial deve ser filmada, colocando cenas inteiras em contradição com um roteiro infantil e tolo. Desde que Felipão escalou Bernard no lugar de Neymar, o Brasil não via uma criança tão convicta que entendia dos assuntos dos adultos.

 

13 Reasons Why (2ª temporada), indicação de Marina Pais

Não há dúvidas de que temas como bullying, abuso sexual e suicídio devem ser discutidos, especialmente para o público infantojuvenil. No entanto, por serem assuntos sensíveis, é importante saber como abordá-los. Com a sua 2ª temporada, “13 Reasons Why” prova que definitivamente não sabe: adotando uma linha que segue o estilo “Gossip Girl”, a forma superficial com que a série aborda conteúdos profundos acaba banalizando o que é dito.

Embora a nova temporada consiga corrigir alguns dos erros da primeira, como a romantização do suicídio, as suas falhas estruturais permanecem. A série mantém a mesma abordagem, utilizando problemas graves para prender a audiência (especialmente com cliffhangers), o que é incômodo. Ao tentar conscientizar e entreter ao mesmo tempo, “13 Reasons Why” acaba não conseguindo fazer nenhum dos dois.

 

Altered Carbon (1ª temporada), indicação de Mario Martins

A série tem um visual digno de lhe comparar com obras futurísticas como Blade Runner, um roteiro com potencial para ser um Westworld e uma temática instigante: a tecnologia rompendo as barreiras de uma vida útil humana. Takeshi Kovacs é um personagem interpretado por dois atores, já que o universo permite a mudança de corpo, ou “capas”, como são chamados na história. Quando interpretado por Joel Kinnaman (House of Cards), é um protagonista que precisa se esforçar a todo o tempo para ter a postura de durão e se presta a narrar as introduções de cada episódio de forma desnecessária e explicativa demais.

Os episódios iniciais empolgam pela estética neo punk, se aproximando de uma boa ficção científica já que muitas vezes utiliza a tecnologia como recurso para seu enredo, mas a série não demora para mostrar o vazio narrativo que ela própria deixa ao criar tanta expectativa.

 

Vai Anitta (1ª temporada), indicação de Matheus Fiore

O grande problema de “Vai Anitta” é que a série nunca assume ser o que é de fato: uma covarde peça de propaganda. Não há nenhum questionamento, nenhum momento de bastidores, nenhum conflito, a não ser todos os que a própria Anitta quer que o público veja.

A série redefine o termo “chapa branca”. É feita sob medida para vender a mais pasteurizada artista do cenário brasileiro para o mercado internacional. É, mais uma vez, uma tentativa de Anitta de firmar-se como uma artista internacional. Não à toa, a série aposta em tantos depoimentos elogiosos dos parceiros internacionais da cantora e empresária. “Vai Anitta” é tudo que uma má arte costuma ser: uma peça de propaganda covarde disfarçada de obra audiovisual. Falta transparência, honestidade e humanidade.

 

La Casa de Papel (2ª temporada), indicação de Yasmine Evaristo

Com estrutura novelesca e uma trama que se arrasta por nove episódios, a segunda parte de “La Casa de Papel” comete o crime mais comum a boa parte dos seriados que desenvolvem muitas subtramas: submetem o espectador ao tédio.

A partir do terceiro episódio a série espanhola entra em um loop que parece se resumir ao Professor quase ser pego e a discussões entre Berlim e Tóquio. Ao fim o que acontece é o esperado: que o crime dê certo. Até há outras situações acontecendo, mas tudo parece ser jogado de qualquer maneira apenas para preencher os episódios. O que podemos tirar de melhor dessa temporada são as discussões sobre as relações de poder existentes nos relacionamentos abusivos entre os sequestradores e suas vítimas. Chamem de masoquismo, mas ainda assim há interesse no que pode vir na próxima temporada.

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