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Deuses Americanos 2×06 – Donar O Grande

Deuses Americanos 2×06 – Donar O Grande

É sempre culpa dos nazistas (e é mesmo)

Gustavo Pereira - 15 de abril de 2019

O reparo de Gungnir, a lança de Odin, até é um evento importante do presente. Mas tudo neste episódio de “Deuses Americanos” que merece comentários acontece no passado. O personagem de maior destaque está em seu título: Donar (Derek Theler), mais conhecido como Thor, filho de Odin.

Deuses Americanos American Gods Neil Gaiman temporada 2 Donar O Grande The Great

Pelos espelhos do fundo percebemos que, no subtexto, Odin e Shadow não estão “se encarando”

“Deuses Americanos” sempre apresenta um novo olhar sobre temas sacros. Em “Donar O Grande”, reconstrói o conceito de “igreja” num show burlesco da Chicago pré-Segunda Guerra. Deuses retiram seu poder da adoração. Nada mais americano do que “adorar” estrelas de um cabaré. Alinhado ao período histórico e, mais importante, ao caráter de Odin, pragmático e vulgar. “Adoração é adoração”.

Esse é o período em que o telefone se torna popular, marcando o “nascimento” de Technical Boy. A “saída livre da prisão” para os Velhos Deuses – especificamente para Donar – surge pelas improváveis mãos dos Amigos da Nova Alemanha, uma organização nazista dos Estados Unidos que realmente existiu. Não vou dar spoilers, mas o plano dos “Amigos” é o mesmo de Odin: construir adoração para uma ideia. É exatamente pelos objetivos similares que o conflito de Donar tem força dramática. Por isso e pela diferença ética que tem em relação ao seu pai.

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O interesse amoroso de Donar, numa escolha feliz do roteiro, é Columbia (Laura Bell Bundy), a personificação dos valores dos Estados Unidos. Essa é a primeira vez em que “Deuses Americanos” mostra uma união entre o Velho e o Novo Mundo. O segmento no Grimnir’s Regius Theatre remete a sentimentos de pureza, inocência e ingenuidade, mas também de doença e insegurança. Por isso, é fotografada numa paleta de cores análogas que tem como base o amarelo. O cabaré de Odin é, ao mesmo tempo, harmônico e sufocante.

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A ação ativa de Odin para orientar os rumos da vida do filho mostra que o seu menosprezo pelo Novo Mundo é antigo. Também salienta sua “flexibilidade moral”, pois não há nenhum pudor em se aliar a nazistas. No outro extremo, sob a incapacidade de conciliar a lealdade ao pai com seus sonhos, a personalidade de Donar é construída com fluidez. A conclusão do conflito reforça isso, além de mostrar o quanto seu pai está disposto a sacrificar pelos próprios objetivos.

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Tudo isso, aliado a uma excelente piada envolvendo uma bandana de Ted Nugent, faz de “Donar O Grande” um ótimo momento de “Deuses Americanos”. Entretanto, algumas pontas ainda precisam ser amarradas nos dois episódios finais da temporada. E Crispin Glover precisa ser melhor aproveitado, pois o homem só faz caretas na frente da câmera há uns três episódios.

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