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Game Of Thrones – 6ª temporada

Game Of Thrones – 6ª temporada

Matheus Fiore - 27 de junho de 2016

Por ser a temporada que marca o momento em que a série ultrapassa os livros, o sexto ano de Game Of Thrones foi, sem dúvidas, o que mais gerou expectativas nos fãs do programa. Afinal, os anos quatro e cinco deixaram muitas tramas abertas, então a nova temporada viria para responder muitas perguntas. E nem os trailers ajudaram, sempre escondendo o máximo possível o que só começou a ser apresentado no fim de abril.

O resultado foi uma temporada lotada de agrados aos fãs, confirmando velhas teorias, trazendo personagens esquecidos e começando a preparar o terreno para a conclusão da série. Mais do que nunca, vemos claramente todos os alinhamentos dos personagens, o que almejarão e suas limitações.

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Os primeiros episódios da temporada são excelentes, principalmente pela grande quantidade de acontecimentos contados de forma dinâmica. No meio da temporada a série perde um pouco do ritmo, com alguns capítulos sem grandes novidades, arrastados e focados em tramas desinteressantes (quem quer saber de Samwell discutindo com seu pai enquanto Jon Snow se prepara para a guerra?). Mas a reta final recupera o fôlego e cria com competência a tensão para a Batalha dos Bastados.

A maior decepção da temporada é o arco dos Lannisters. Tommen não tem metade do carisma e presença do saudoso Joffrey. E Jamie, que já foi um dos personagens mais interessantes, se tornou um reles capanga de sua irmã, Cersei. Esta, por sua vez, tem um começo lento, mas na reta final protagoniza um dos melhores momentos da história do programa.

Mesmo os Lannisters tendo uma participação pífia, ainda há bons momentos envolvendo Jamie, no conflito contra os Tully, quando ele tem um dos melhores diálogos da série com Edmure Tully, seu prisioneiro. Quando não serve de capacho da irmã, Jamie sempre se destaca, não só pelo roteiro mas pela qualidade da atuação de Nikolaj Coster-Waldau, que infelizmente é desperdiçado por quase toda a temporada.

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Por outro lado os Stark encontraram sua redenção e foram um dos pontos altos do ano. A história de Arya com os Homens Sem Rosto (que começou interessante mas estava se tornando cansativa) finalmente encontrou seu desfecho e agora aguardamos que a caçula reencontre seus irmãos. Sansa (como sempre bem interpretada pela ótima Sophie Turner) depois de muito tempo sofrendo, consegue ser melhor explorada e caminha para ser a líder dos remanescentes da família Stark e de Winterfell.

Outro Stark com destaque é Bran, que protagoniza alguns dos melhores momentos da série com suas visões. O recurso foi uma excelente escolha do roteiro para amarrar pontas soltas e explicar acontecimentos que antecedem o tempo da história.

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Pior que os Lannisters estão todos os personagens do arco de Meereen, que em alguns momentos chegam a causar vergonha alheia e são a pior parte da temporada. Daenerys já chegou a ser uma das personagens mais interessantes da série, hoje não passa de uma adolescente rebelde favorecida pelo script. Com atuação medíocre da limitada Emilia Clarke, a Targeryan ganha quase tudo de mão beijada e tem seu caminho facilitado em quase todos os seus conflitos nesta temporada.

Se Daenerys não fosse uma das protegidas de Martin, já teria morrido no fim da temporada passada. Game Of Thrones é uma série marcada por não dar muitas chances aos personagens, qualquer erro pode custar a vida. Foi assim com Robb Stark, Tywin Lannister, Oberyn Martell e vários outros. Daenerys errou (mais que todos eles) e continua sobrevivendo. É uma personagem que já teve seu arco dramático explorado e hoje não desenvolve praticamente nada, está em declínio. O pior é que com os alinhamentos do fim desta temporada, ela tende a ser a mais forte candidata ao trono de ferro.

Além dela, Tyrion e Varys não conseguem se destacar. O jogo político destes personagens consegue fazer algo que nenhuma outra trama da série fez até hoje: dar sono. Os repetidos momentos de Tyrion tentando quebrar o gelo com Missandei e Grey Worm são vergonhosamente ruins, repetitivos e inúteis para as tramas individuais e pra história como um todo. Assim como Daenerys, Tyrion passou de um dos bons personagens de Game Of Thrones para um dos mais vazios. Os momentos finais da temporada, pelo menos, trazem algo de novo para o núcleo de Meereen, muito pela chegada dos irmãos Yara e Greyjoy.

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O melhor personagem do sexto ano é Ramsay Bolton. A presença de um grande vilão era sentida desde a morte de Joffrey e este consegue ocupar o posto com ainda mais competência. Já tendo mutilado, torturado, assassinado e estuprado personagens queridos da série, o confronto com Jon Snow era aguardado há muito pelos fãs e é realizado maravilhosamente no penúltimo episódio.

A Batalha dos Bastardos é, sem dúvidas, o grande momento das seis temporadas de Game Of Thrones. A escala da produção impressiona. Desde a qualidade dos efeitos às coreografias das batalhas e linda direção (que monta um belíssimo plano sequência de Jon no meio da batalha campal). A cena é superior à muitas semelhantes de grandes blockbusters do cinema.

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Jon Snow contra o exército de Bolton, em um dos planos mais bonitos da temporada.

Bem superior à quinta, esta temporada de Game Of Thrones não foi a mais regular, mas foi a com mais episódios empolgantes até aqui. Apesar disso, peca pela previsibilidade de alguns personagens e pela falta de qualidade no desenvolvimento destes (por culpa do roteiro e de alguns atores). O protagonismo dos Stark nunca esteve tão evidente e indica que o seriado não deve ser prolongado por mais de uma ou duas temporadas.

Talvez o grande trunfo desta temporada tenha sido a forma acertada que os roteiristas cadenciaram todos os núcleos e personagens. Com um elenco mais enxuto graças às mortes nos excelentes dois últimos capítulos, a série tende a ter um sétimo ano mais direto e intenso. Mesmo não usufruindo da mesma linguagem que séries de alto nível como Breaking Bad e Mad Men, Game Of Thrones tem uma produção digna dos mais caros filmes de Hollywood e impressiona. Melhor para os cinéfilos e para os fãs de séries de qualidade, que cada vez mais vêem o enorme avanço que programas como as da HBO trazem para a televisão.

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