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O Monstro do Monstro de Frankenstein

O Monstro do Monstro de Frankenstein

Muitos favores foram cobrados aqui

Gustavo Pereira - 17 de julho de 2019

“O Monstro do Monstro de Frankenstein” é a versão audiovisual do “melhor ataque do mundo”: o competente e carismático ator David Harbour (“Stranger Things” e “Hellboy“) protagoniza um “documentira” dirigido por Daniel Gray Longino (“PEN15”) e escrito por John Levenstein (“Arrested Development”). Ao lado de Harbour, o elenco conta com nomes como o da comediante Kate Berlant (“Netflix Presents: The Characters”) e o do gigantesco Alfred Molina (“Homem-Aranha 2”).

Tinha como dar errado? Não. Mas deu.

O Monstro do Monstro de Frankenstein Netflix David Harbour

Assim como o Flamengo de 1995 quase foi rebaixado com Sávio, Romário e Edmundo, “O Monstro do Monstro de Frankenstein” não acerta no mais importante, a comédia. A proposta até é interessante: Harbour III busca entender o que deu errado na peça de Frankenstein adaptada para a televisão por Harbour Jr, seu pai (a piada do pai se chamar “Junior” é uma das melhores, um ótimo termômetro para o que é esta esquete de 30 minutos). O público assiste à peça enquanto, no presente, Harbour filho entrevista a produtora (Mary Woronov) e o antigo agente do Harbour pai (Michael Lerner) em busca de respostas.

A reconstituição da atmosfera televisiva dos anos 1980 é, por muito, o que de melhor “O Monstro do Monstro de Frankenstein” tem a oferecer. O cinematógrafo Carl Herse emula à perfeição a textura granulada dos antigos especiais da HBO e dos programas seminais da MTV americana. A pós-produção se encarrega de acrescentar estática e “fantasma” nas “imagens de arquivo”, dando credibilidade à proposta. A trilha de Michael Penn, piegas e exagerada, parece saído de uma soap opera vespertina.

O Monstro do Monstro de Frankenstein Netflix David Harbour

Mas falta construção para o humor pegar. Levenstein propõe uma leitura metalinguística, onde a peça reflete o duelo entre Harbour Jr e um jovem galã (Alex Ozerov) e como, a despeito das memórias afetivas de Harbour III, seu pai era, de fato, um crápula sem talento e charlatão. Mas a sobreposição das narrativas, aliada a um texto em última instância pobre, impede qualquer tentativa de riso por boa vontade. A presença de tantos nomes interessantes reunidos num projeto que se apoia no nonsense para disfarçar sua inconsistência só pode ser explicada por muitos favores devidos sendo cobrados ao mesmo tempo.

Ao menos, acaba rápido. Assista a “O Monstro do Monstro de Frankenstein” clicando aqui.

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