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X-Men: Fênix Negra

X-Men: Fênix Negra

O símbolo de uma geração perdida

Gustavo Pereira - 5 de junho de 2019

“Fênix Negra” é a segunda adaptação para o cinema de uma das sagas mais famosas dos X-Men (a primeira foi encaixotada no meio do problemático “O Confronto Final”, de 2006). Simon Kinberg, que escreveu o roteiro de “O Confronto Final”, teve mais uma oportunidade para fazer direito desta vez, agora agregando a função de diretor.

O feito de Kinberg é notável. Sua segunda tentativa consegue ser pior do que a primeira.

X Men Fênix Negra Dark Phoenix

Nada disso tem a ver com a fidelidade em relação ao material original. As mudanças no filme eram inevitáveis e até esperadas. Mas, além dos temas mal desenvolvidos e das ideias soltas no meio da história, “Fênix Negra” é um filme desequilibrado no ritmo, que falha na sua missão mais importante: fazer o espectador se importar com a protagonista.

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Isso se deve, em grande parte, à ideia de que universos cinematográficos se bastam e, portanto, personagens já estão “prontos”. Isso talvez se aplique às produções da Marvel, onde os personagens de fato têm coerência interna. Mas a Fox, que em duas décadas e dez filmes ficou marcada por uma grande bagunça cronológica, não pode apostar nisso. Até porque a participação de Jean Grey (Sophie Turner) em “Apocalipse” é pequena e ela não é o foco daquela história.

Dessa forma, o pequeno prólogo no qual vemos o acidente de carro que coloca a pequena Jean no caminho de Xavier (James McAvoy) não é o bastante para criar este vínculo emocional do público com a personagem que mais tarde será a grande ameaça do filme. Os 17 anos que desenvolvem esta relação (o acidente acontece em 1975, mas a trama propriamente dita de “Fênix Negra” se passa em 1992) acontecem fora da tela. Temos de “aceitar” que Jean acolheu a escola como um lar, Xavier como um pai e os X-Men como uma família. É muito. Quando seus poderes se manifestam e ela se sente traída por Xavier, essa traição não tem força dramática.

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Um bom exemplo dessa fraqueza dramática são as motivações que o roteiro de Kinberg encontra para justificar decisões de certos personagens. Quando uma figura muito importante do universo dos X-Men morre (não direi quem, fiquem tranquilos), a história vira um festival de “se não quer fazer isso por mim, faça por essa pessoa”, “não é isso que essa pessoa gostaria”, etc. O filme se vê obrigado a tomar “atalhos” porque, como se o retorno dos principais atores da franquia não fosse o bastante, introduz a raça alienígena D’Bari como antagonista. É de lá que vem Vuk (Jessica Chastain), uma das vilãs mais desinteressantes de 2019.

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Visualmente, “Fênix Negra” não encanta nem um pouco. Carregado de efeitos digitais, com cenas de ação cheias de cortes e nenhuma criatividade no desenvolvimento de lutas – por que um militar descarregando um fuzil num D’Bari é ineficaz, mas Magneto (Michael Fassbender) resolve o problema jogando uma chapa de aço? O filme não tem nenhuma profundidade temática (apenas a pretensão de ter) e não entretém com lutas entre alienígenas e mutantes. O que sobra, então?

Exatamente, quase nada. Principalmente, a certeza de que uma grande geração de atores sai da franquia com apenas um, no máximo dois bons filmes. Bom para a Marvel, que poderá escalar um novo elenco sem problemas. Este não deixará saudade.

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