A medida em que os lançamentos musicais desaceleram e os ouvintes se confortam com os favoritos familiares, alguns artistas aproveitam para expandir seus campos sonoros. Da rave solo de Charli XCX a odisseia musical de Moses Sumney, as últimas faixas e álbuns da quinzena tem algo em comum: reinvenção, lírica e estética.
O álbum-de-quarentena de Charli XCX tem em momentos de anseio lisérgico como pink diamond e visions seus pontos de catarse. Mesmo assim, enemy remonta em 3 minutos o pulso criativo do disco em tempos de isolamento.
A Choir Boy figura entre os novos românticos inspirados em movimentos oitentistas. Criando sinceridade do cinismo geracional, a voz de Adam Klopp flutua por essa linha tênue.
Se Dua Lipa rasgou os elementos da música pop eletrônica dos anos 70 e 80 em um disco de explosões, Jessie Ware vem usando esses mesmos elementos para a introspecção. Save a Kiss e Spotlight são pedaços de discoteca em chave minimalista.
Tropicalismo brasileiro por prisma colombiano. Ava Rocha remonta diretamente uma herança sonora apenas ensaiada em seus últimos trabalhos (Ava é filha de Glauber Rocha e da franco-colombiana Paula Gaitán).
Ainda nas Américas, o indie pop porto-riquenho da dupla Buscabulla provavelmente se categoriza como latino pela típica fusão de sons. Do rítmico a ambientalização sintetizada, traça uma colagem de elementos que caminha o continente.
Depois de um breve estudo reggaeton-emo com o single solita, Kali Uchis retorna ao neo-soul pôr-do-sol que apresentou em Isolation. O EP que deveria a trazer para o Brasil em show no Lollapalooza 2020 é um lembrete de uma originalidade musical em desenvolvimento.
Mais uma exploração sonora do MC que vem ensaiando flertes com trap e pop. A inesperada guitarra distorcida guia a melodia pela cadência típica de Kevin.
Alt-rock decadente que acumula maneirismos dos últimos trabalhos de Cass McCombs ao mesmo tempo que insinua um futuro mais contido.
O Nick Drake de Seattle incorpora timbres eletrônicos a sua melancolia melódica habitual.
Depois de breve incursão pelo R&B, o tão resgatado sintetizador encontra a voz elétrica de Tei Shi.
Enquanto no tópico sintetizadas: o folk-etéreo-eletrônico do HiRUDiN de Austra imagina uma rave rural.
O lo-fi para quem precisa de lo-fi.
Aos órfãos de Nick Cave. Destaque de um disco cafajeste e invertebrado. No bom sentido.
Um dos maiores inovadores do R&B, Moses Sumney articula em græ um tratado expansivo sobre a herança da música negra.
A abertura do disco, Whole Life, chora: metade da minha vida se foi. Dissonâncias entre euforia e inadequação.
Taken – Hayley Williams
Savage Remix – Megan Thee Stalion & Beyoncé
Love is All We Share – Cut Copy
Time (You and I) – Khruangbin
to be kind – NOVA ONE
Love in Mine – Big Thief
Toda Semana – Shevchenko e Elloco & Djonga
You Will Find It
Nos Barracos da Cidade – Gilberto Gil & BaianaSystem
Man – JoJo
Flash Flood – Diet Cig
Open (Passionate) – Kehlani
PDLIF – Bon Iver
ONLY – ZHU & Tinashe
Starz – Yung Lean & Ariel Pink
What’ve I Done to Help – Jason Isbell and the 400 Unit