“A hérnia” é precedido por “Sophia”. Para ler a crítica do primeiro episódio de Girlboss, clique aqui.

Balanceado. Girlboss dá continuidade à saga de Sophia em busca do seu “estilo de vida” combinando humor não-acredito-que-vocês-fizeram-isso-nossa-vocês-fizeram com momentos reflexivos sobre a vida da Geração Z, que finalmente alcançou a idade adulta e precisa lidar com seus objetivos e as barreiras práticas do mundo.

Após a epifania, um choque de realidade inesperado

Quando Sophia diz que não está abrindo um negócio, mas viabilizando um estilo de vida, compreendo perfeitamente o que ela quer dizer. Na verdade, compartilhamos o “estilo de vida” que ela defende (não direi, vale a pena descobrir assistindo ao episódio). Sua melhor amiga Annie, interpretada por Ellie Reed, funciona como um facilitador para as piadas, mas também é a personagem que melhor entende Sophia. E é inegável que, ao encontrar algo que realmente gostamos de fazer, fazemos mais do que o mundo espera que façamos.

Um exemplo prático é o fato de hoje ser uma sexta-feira e eu estar escrevendo críticas de uma série em tempo real, episódio por episódio. O Plano Aberto nunca foi um negócio, mas um… estilo de vida.

“Continue me subestimando, eu sou movida por isso”

Contudo, descobrir nossa vocação no mundo não é nem a metade do caminho. E percalços das mais diferentes espécies vão surgir, como se o mundo conspirasse contra nós – em alguns momentos, conspira mesmo. Até nossa saúde, sempre perfeita, resolve nos sabotar. E é uma hérnia (numa mulher de apenas 23 anos) que chacoalha Sophia de volta ao mundo real.

Neste episódio, temos a oportunidade de conhecer melhor a sua faceta explosiva, impulsiva e imediatista. A busca por mais roupas vintage para vender na internet é hilária e sustentada pela montagem, que continua rápida como um videoclipe. O texto também merece elogios, com algumas piadas de bate-pronto que não dão tempo para rir porque não são o foco da narrativa, mas o meio pelo qual ela se desenvolve.

Junto às piadas, dois momentos nos trazem de volta à realidade numa série que busca o riso para contar sua história: a visita forçada de Sophia à “clínica grátis”, espécie de posto de saúde norte-americano, questiona porque a população daquele país se colocou contrária ao programa conhecido como Obamacare. Fechando o episódio, após a série de contratempos enfrentada até com estoicismo pela protagonista, Sophia questiona algo que passa todos os dias pela cabeça de quem tenta trilhar o próprio caminho: a vida é só isso? Não deveria melhorar?

Mesmo parecendo melhor do que nossos postos de saúde, a saúde pública dos Estados Unidos consegue ser pior do que a brasileira

A única forma de saber é assistindo. Todos os episódios já estão disponíveis aqui.

Para ler a crítica de “Obrigada, São Francisco”, terceiro episódio de Girlboss, clique aqui.